domingo, 22 de setembro de 2013

A MATEMÁTICA E A LEI


Usar a LEI como se fosse uma fórmula matemática, que funciona para toda e qualquer situação na qual tal fórmula foi inventada, é tentar embrulhar o tolo nas próprias ilusões que cria para poder viver. Inventa-se o conceito de 'embargo infringente', pensando-se no beneficio que o autor da lei terá. Tomar como argumento o estado de direito, dissociando-o da situação sobre a qual legisla, fazendo-o mais relevante do que a própria situação, é subverter a ordem dos fatos que levaram o legislador a criar a LEI. Leis não não fórmulas matemáticas, estão muito longe disto. Considera-la isenta e acima do fato que a gerou, é beneficiar o criminoso, transformando-o em um sujeito melhor do que ele é. Nestes termos, a LEI descriminaliza o crime, favorece o criminoso e derrota a JUSTIÇA. A LEI é um instrumento da JUSTIÇA e não o contrário como aconteceu ontem no Supremo.

QUE ACORDO SUSTENTA ESTE SORRISO?


Celso Mello, do alto de sua mortalidade, diz: "julgamentos do STF para que sejam imparciais, isentos e independentes, não podem expor-se a pressões externas, como o clamor popular e a pressão das multidões." Antonieta, a Maria mais conhecida na história do pão disse algo parecido: "Diante do clamor popular pelo pão, de-lhes brioche."  Diferente e semelhante a Antonieta, Celsão não foi eleito pelo povo, "cependant", o que aproxima de Antonieta, mas circula entre mensaleiros, que lá estão, porque saíram das urnas, "et que donc" dependeram da multidão para votar neles.

A linguagem é notória por sua capacidade de criar mundos, inventar conjecturas e permitir que o sujeito se esconda atras dela. O querido Freud, sabendo disto, aproximou a linguagem da lei, apontando o ACORDO que tem que ser feito para que o sujeito, ao falar, não fale do que se passa dentro de si para dizer o que diz. A lei, como a palavra, protege o sujeito de si mesmo quando o livra de suas próprias pressões. A pressão das multidões é o que coloca Celsão próximo do que há de mais sujo, nojento e "eschatologique" na "corte" que transita pelos PALÁCIOS de Brasilia. Não se submeter a tal pressão, é negar que seu salário é pago pelo sujo, pelo popular, como uma tentativa para se afastar da "sujeira" com a qual convive diariamente na "corte". Ela que se sustenta no que há de mais perverso e sórdido: roubo, desvio de dinheiro público, uso do estado em benefício próprio. Por esta razão, seu dito esconde a pureza reivindicada através da imparcialidade, isenção e independência da lei. Assim, ilusoriamente, se sente salvo da lei do desejo que o coloca dentro da sujeira com a qual convive diariamente. Uma vez sentindo-se purificado, sorri.

domingo, 1 de setembro de 2013

TEMPO






O tempo não nos reinventa, apenas revela um pouco mais sobre quem somos nós.

MULHER




Nela há mais coisas do que o temor que me gera e que diz respeito mais a mim do que a ela mesma. Ela não vive em qualquer mulher, apenas naquelas que se sentem confortáveis dentro delas mesmas, que não se afligem de ver outras diferentes de si e se dispõe a amar sem julgamento ou controle.

VERDADE E HIPOCRISIA




Shakespeare, disse que o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém. Contudo, com a crítica a verdade, feita no final do século XIX, percebe-se que a recíproca da frase de Shakespeare também ocorre. Ao ser desbancada, a verdade levou consigo a hipocrisia. Não somos tão bons, nem tão maus como pensamos, mas podemos ser ou deixar de ser perversos, quando evocamos a hipocrisia ou a verdade para nos referirmos a algo.

PODER E LABIRINTO

Minos, para manter-se no trono precisava combater seus irmãos. Cada poder, para sustentar-se, usa ardis. Minos pede ajuda a Posseidon, que lhe envia um touro branco, como sinal de apoio. A esposa de Minos, enfeitiçada por Afrodite, se apaixona pelo touro, e se traveste numa vaca, fabricada por Dédalo. Parsifae copula com o touro e dá a luz ao Minotauro. Minos convoca Dedalo, um exímio artifice, para construir um local onde o Minoutaro viveria. Assim, foi erguido um labirinto.

O mundo em que vivemos se transformou num enorme labirinto, construído para manter o poder da esquerda, da direita, do centro e tantos outros. Irmãos tomam partido contra irmãos, e se tornam inimigos. O Minotauro servia para comer os inimigos de Minos, ele devorava humanos, apenas. O que são as ideologias senão devoradoras de juízo?

Dédalo cria um labirinto no qual verdade e mentira deixam turvo o juizo daquele que não sabe que direção seguir. Devotos de Minos o defendem enquanto opositores são devorados. Quem crê em Minos, se distancia da fraternidade e não vê as alianças e traições, em torno das quais se constituiu e se manteve seu governo. Não existe estado sem labirinto, sem Minotauro, sem Parsifae, sem Minos ou Dédalo.

Afora isto, as ideologias, sejam elas de que ordem for, são representantes de Posseidon, que exigem governança em detrimento dos interesses comunitários. O tempo não nos reinventa, só serve para revelar um pouco mais sobre nós mesmos.