sábado, 27 de abril de 2013

INTIMIDADE.



O bom marido e a boa esposa existem, mas não duram, assim como o entardecer e o amanhecer. Além disto, tudo o que foi dito sobre eles, foi escrito de dia ou de noite. Bernard Shaw comentou que uma boa esposa é um grande consolo para o homem em todos os contratempos e dificuldades - que ele nunca haveria de ter se tivesse continuado solteiro. Um homem e uma mulher podem fazer mais por si mesmo do que o que foi dito por Shaw. Mas como isto seria possível?
O entardecer mantém uma cumplicidade com o dia e com a noite, como também o amanhecer. Distintos um do outro, homem e mulher guardam, na intimidade, a possibilidade de encontro. Quando se querem iguais, são como dias armados contra a noite, descrentes um do outro. A intimidade vai além do pensar igual, do sentir igual e do concordar. A intimidade se faz sobre distinções que preservam a individualidade de cada um, sem fusões ou controle. A delicadeza da esposa está no modo como faz suas escolhas. Usando a sabedoria de quem conhece a si mesma, distingue o que é seu, do que elegeu no esposo como valioso para si. Por sua vez, cabe ao esposo reconhecer que o tempo passa tanto ele quanto para a mulher que o escolheu. Neste contexto, o erotismo se presta para leva-lo até a intimidade, que sucumbe se ficar retida ao mesmo. A intimidade, por conta do trabalho que demanda, é para poucos. Mas sem ela, homem e mulher ficam a mercê das próprias excitações e dos desencontros que isto gera. A intimidade faz durar o bom entre os não iguais.