sábado, 31 de dezembro de 2022


 ANO NOVO


Nos festejos de Ano Novo existem mais repetições do que novidades. A roupa, a festa e os fogos fazem crer que algo novo surgirá depois de um mergulho no mar. É um momento que serve tanto para celebrar a esperança, quanto a ilusão. Um mês depois, tudo já foi esquecido e a vida continua dentro de um trem do metro, para aquele que vive mergulhado dentro da tela do celular das ilusões. Entorpecido, a vida dura desaparece, a inveja se aquieta e o ressentimento afrouxa o coração. 

A linguagem é uma boa ferramenta para quem quer manipular ilusões, com intuito de apresenta-las como verdades. Henrique XVIII mandou decapitar Ana Bolena com um corte certeiro da espada sobre o pescoço de Ana. Passaram-se séculos para que uma princesa fosse decapitada, não pela espada que passou a ser considerada peça de museu, mas pela língua da imprensa britânica e rejeição da família real. Há muitas maneiras de se manter uma tradição como essa, atualizando-a ao longo dos anos. Apesar disso, existem povos que amam seu rei, ditador ou fuhrer, mas se negam a ver as atrocidades cometidas por cada um deles, como se uma bruma os envolvessem deixando-lhes turva a visão. As ilusões nascem das brumas, semelhante ao algodão doce que precipita do açúcar aquecido.

Feliz Ano Novo, "queremos mentiras novas"! Esta frase foi escrita em um muro da universidade do Porto, como menciou Rubens Alves. Quem a escreveu sabia muito bem que, em politica, apenas as mentiras são possíveis. Mentir exige imaginação e as pessoas se sentem lisongeadas quando são bem enganadas, até que são obrigadas a se confrontarem com os próprios equívocos. Mas isso não é possível se o individuo não tem integridade ou caráter. A política nos dias de hoje foi promovida a condição de arte: a arte de iludir.

Fellini retrata bem esse aspecto quando, diante do navio que afunda, mostra um fã que continua a assistir o filme de sua diva morta enquanto o navio naufraga, ao som de Prokofiev.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022


 NATAL E VERDADE


"Eu sou o caminho, a VERDADE e a vida". João (14:6) registrou essa frase dita por Jesus. Dia 25 de dezembro é celebrado o nascimento da VERDADE e 33 anos depois sua morte na cruz. A verdade produz inimigos. Para escapar de suas revelações o ódio tem prestado um bom serviço.

Terêncio escreveu em Andria, 68, que "o obséquio produz amigos; a verdade, ódio". A grande maioria das pessoas não está disposta a ouvir a verdade e por isso, no Natal se bebe muito, para poder anestesiar a verdade silenciada pelas tramas familiares. Certa vez, uma mulher fez várias criticas a respeito de seu pai que, depois de ouvi-las lhe disseram: "talvez você não seja a filha que ele esperava ter". 

A VERDADE tira da sombra aquele que pensamos ser para nos mostrar quem de fato somos. Quem fomentou a morte de Jesus foi a massa de indivíduos que futuramente irá adorá-lo como salvador. Não procure a verdade nas massas, nem em consensos. Diante da multidão, Pilatos perguntou: "O que é a verdade?" Alguém respondeu a essa pergunta?

A mentira não é o oposto da VERDADE, mas um disfarce usado por aquele surdo que a considera insuportável. A VERDADE denuncia a miséria dos reis.




terça-feira, 4 de agosto de 2015

QUANDO HÁ FALTA DE SENTIDO.


Obsessão é uma palavra que se origina do vocábulo obsedere que significa “sitiar um local”, “sentar-se” como um exército que senta à frente de uma praça forte para tentar vencê-la. Por sua vez, a palavra obcecado vem do latim obcaere: “tornar cego”. Por terem origens distintas, uma se escreve com S e outra com C. Toda obsessão é obcecada.
Punir Israel não é suficiente, deve-se atacar todo e qualquer sujeito que dele se aproxime, como foi feito com Caetano e Gil. Uma obsessão tem sido o esteio desta iniciativa que ainda não conseguiu se dar conta da cegueira que a envolve.
Obsessões servem para criar sentido onde sentido não há. Por quê alguém quer dar sentido ao que sentido não tem?  Porque a vida tornou-se um valor.
A Coreia do Norte é um país oppressor; o Tibet, uma das culturas mais antigas, continua sendo destruído pela China; a Somália vem deixando de ser um país; no Congo, entre 1998 e 2003, morreram 5,5 milhões de pessoas; na Síria,150 mil foram mortas nos últimos três anos; o Iraque continua mutilando mulheres;  no México, desde 2006, 120 mil pessoas morreram na guerra do tráfico; comunidades cristãs estão sendo mortas, como aconteceu na Nigéria. Este cenário aponta contradições e falta de sentido presentes no mundo de hoje. Contudo, se nada disto aparece com a mesma frequência que aparecem materias sobre Israel, é porque se trata de uma obsessão.
A obsessão por Israel vai de shows, flotilhas até pessoas “bem intencionadas” que querem que Israel se responsabilize pelo que acontece com os palestinos. A obsessão traz algum alento quando confere sentido ao que sentido não tem. Veja o que aconteceu no Paquistão, criado na mesma época em que que Israel foi formado: milhares de refugiados mulçumanos e indus. Alguma mobilização constante?
Por vinte anos, Matti Friedman cobriu guerras no Oriente Médio pela Associated Press (AP). Em seu ensaio, An Insider’s Guide to the Most Important Story on Earth, ele diz que a cobertura feita pela mídia sobre Israel e seus inimigos, segue um padrão obsessivo e hostil com os judeus. Esta obsessão com Israel, diz Friedman, evidencia uma grave disfunção no exercício da profissão jornalistica. Friedman vive em Israel desde 1995.
A obsessão existe para manter uma ilusão sobre o mundo. Israel reabilita a representação dada ao judeu quando o torna cidadão, isto é insuportável para alguns. A espessura e a estranheza do mundo é o absurdo do qual todo obsessivo tenta escapar. Contudo, no apego do homem à vida há alguma coisa mais forte do que todas as misérias do mundo.
Os judeus estão errados. Para estar certo, um judeu deve estar do lado de quem quer vê-lo na fogueira. Por quê não abrem mão daquela terra? Por quê não cuidam dos palestinos? Se assim fizessem, a falta de sentido que há no mundo desapareceria. 

domingo, 12 de outubro de 2014

FAMILIA

Familia não se encolhe.


JUVENTUDE


A beleza da juventude encobre as atrocidades que serão cometidas nos anos que a sucederão.

(foto: J. Stalin)

IMAGINAÇÃO DE CONDENADO.


"A vida não tem segundo tempo", dizia João Saldanha. Vale lembrar que, também não existe curinga que possa dela remover acidentes e fatalidades. Vive-se apenas uma vez. A segunda chance é uma tentativa de driblar a memória e convertê-la em esquecimento. Aquele que confere valor a liberdade é o que está condenado a viver. Não lhe resta outra saída para tentar escapar desta condição, senão imaginar que será a liberdade que lhe trará um segunda chance.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

OS OLHOS


"Meus olhos não dependem mais da ilusão para suportar saber quem sou e veres quem és. Vivemos melhor sem a dissimulação e a mentira de quem odeia por uma boa causa. Antes de se dirigir a mim, saibas primeiro quem és."

Shmuel Noah.