terça-feira, 4 de agosto de 2015

QUANDO HÁ FALTA DE SENTIDO.


Obsessão é uma palavra que se origina do vocábulo obsedere que significa “sitiar um local”, “sentar-se” como um exército que senta à frente de uma praça forte para tentar vencê-la. Por sua vez, a palavra obcecado vem do latim obcaere: “tornar cego”. Por terem origens distintas, uma se escreve com S e outra com C. Toda obsessão é obcecada.
Punir Israel não é suficiente, deve-se atacar todo e qualquer sujeito que dele se aproxime, como foi feito com Caetano e Gil. Uma obsessão tem sido o esteio desta iniciativa que ainda não conseguiu se dar conta da cegueira que a envolve.
Obsessões servem para criar sentido onde sentido não há. Por quê alguém quer dar sentido ao que sentido não tem?  Porque a vida tornou-se um valor.
A Coreia do Norte é um país oppressor; o Tibet, uma das culturas mais antigas, continua sendo destruído pela China; a Somália vem deixando de ser um país; no Congo, entre 1998 e 2003, morreram 5,5 milhões de pessoas; na Síria,150 mil foram mortas nos últimos três anos; o Iraque continua mutilando mulheres;  no México, desde 2006, 120 mil pessoas morreram na guerra do tráfico; comunidades cristãs estão sendo mortas, como aconteceu na Nigéria. Este cenário aponta contradições e falta de sentido presentes no mundo de hoje. Contudo, se nada disto aparece com a mesma frequência que aparecem materias sobre Israel, é porque se trata de uma obsessão.
A obsessão por Israel vai de shows, flotilhas até pessoas “bem intencionadas” que querem que Israel se responsabilize pelo que acontece com os palestinos. A obsessão traz algum alento quando confere sentido ao que sentido não tem. Veja o que aconteceu no Paquistão, criado na mesma época em que que Israel foi formado: milhares de refugiados mulçumanos e indus. Alguma mobilização constante?
Por vinte anos, Matti Friedman cobriu guerras no Oriente Médio pela Associated Press (AP). Em seu ensaio, An Insider’s Guide to the Most Important Story on Earth, ele diz que a cobertura feita pela mídia sobre Israel e seus inimigos, segue um padrão obsessivo e hostil com os judeus. Esta obsessão com Israel, diz Friedman, evidencia uma grave disfunção no exercício da profissão jornalistica. Friedman vive em Israel desde 1995.
A obsessão existe para manter uma ilusão sobre o mundo. Israel reabilita a representação dada ao judeu quando o torna cidadão, isto é insuportável para alguns. A espessura e a estranheza do mundo é o absurdo do qual todo obsessivo tenta escapar. Contudo, no apego do homem à vida há alguma coisa mais forte do que todas as misérias do mundo.
Os judeus estão errados. Para estar certo, um judeu deve estar do lado de quem quer vê-lo na fogueira. Por quê não abrem mão daquela terra? Por quê não cuidam dos palestinos? Se assim fizessem, a falta de sentido que há no mundo desapareceria. 

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