Por quê queimar uma bandeira não acende, no
ofendido, um furor assassino, semelhante ao despertado pelo filme ou charge, de
um profeta? Que tipo de relação o sujeito estabelece com a representação do Estado e com a da
Religião? O que, de seu psiquismo, o liga ao Estado e o que o liga a
Religião?

Porque uma representação nunca é o objeto
que ela representa, pode-se ter dúvida se ela o representa bem. Um estado sem
dúvida é totalitário, e se alimenta da sombra do monarca. O dúvida impulsiona o
pensamento, tirando-o da certeza que a religião determina. Dentro de uma
república existem ateus, que devem ser respeitados como os crentes. Porém, na religião-estado, isto não é possível.
Veja o que acontece no Paquistão.
Se o Estado é Religião, haverá pena de
morte para quem se diz ateu. “Cortem as cabeças”, disse a rainha de copas, de
Carol. Se você não pensa como eu, deve morrer. Um estado, pelo contrario, deve
evitar isto ocorra, garantindo que todos possam ser representados.
Para representar, o sujeito precisa manter
uma distancia em relação a seus afetos. Não há pensamento sem representação,
por este motivo, é possível que uma bandeira seja queimada, e a ofensa que isto
cause, não ameace o sujeito, a ponto dele achar que seu mundo irá ruir.
Com a religião é diferente. Nela, a representação
é absoluta, não existe outro mundo alem daquele apresentado pela religião. Este
mundo para continuar existindo, depende mais do respeito do outro do que da
própria fé que o crente mantém por ele. O ocidente sem a dúvida, retorna a uma
monarquia que só faz sentido para o imperador, e para aqueles que acreditam
nele. Sem a dúvida o absoluto não se relativiza, como acontece na onipotência
de pensamento, que para se manter, deve eliminar todo aquele que ameace este
engano.