domingo, 28 de outubro de 2012

DE QUEM SE FALA?




Melhor escutar a si com imparcialidade, do que acatar a parcialidade de quem fala de si mesmo como se do outro falasse.

SN

O VERÃO NO RIO E EM ARGEL.



Camus dizia que era preciso morar muito tempo em Argel para compreender até que ponto o excesso de bens materiais pode prejudicar a sensibilidade. Esta cidade, dizia ele, não oferece lições. "Aqui não existe nada para aquele que deseja aprender, educar-se ou torna-se melhor." Estas duas cidades nada prometem nem deixam entrever. Estranha estas cidades, "que dão ao homem que alimenta seu esplendor e sua miséria a um só tempo".
Nelas, a luz, o mar e o azul ficaram limitados a verdade atribuida a sensualidade. "Os homens encontram aqui, durante toda juventude, uma vida à medida da beleza deles. Depois é decadência e olvido. Jogaram tudo que tinham na sensualidade, com a certeza, porem, de que deveriam perder. Em Argel, para quem é jovem e cheio de vida, tudo é refúgio pretexto para triunfos: a baia, o sol, o jogo vermelho, as flores e os estádios, as moças de pernas vigorosas. Entretanto, para quem já perdeu a juventude não existe nada a que aferrar-se e não há lugar onde a melancolia se possa salvar a si própria. Aqui tudo exige solidão mesmo que docemente."

foto: Carlos Vieira.

VIVER



VIVER NÃO É RESIGNAR-SE.

A. Camus