A racionalidade não anda em paralelo com a vida emocional. Há uma divisão dentro de cada um que o mobiliza a viver em torno de certas questões. Viver a própria vida não basta, é necessário que ela se torne um padrão para a vida de todos, assim, ninguém será atormentado por si mesmo. É preciso acreditar que todos andam na mesma direção. Os contornos de cada um, não são tão nítidos quanto se pensa, pois se fossem, seria possível viver a própria vida sem se incomodar com a vida alheia.
A vida em sociedade é afetada por padrões afetivos, a invenção das leis é exemplo disto. A lei não nasce da Natureza, mas dos medos que afetam a cada um e das ameaças que advém disto. Mentir, enganar, ludibriar e manipular, são antes de tudo modos de se relacionar consigo mesmo e com sua própria divisão.

Antes de definir leis, seria preciso saber um pouco mais quem somos, para evitar que leis sejam criadas para nos definir. Buscar um reconhecimento perante a lei pode resolver, em parte, o problema vivido pelo filho bastardo, pois o tira da clandestinidade. Porém, é preciso saber que as lacunas afetivas que se instalaram durante anos na vida de cada um, a lei não cura nem resolve. O que adianta ser reconhecido pelo carrasco?
Não há cura para a natureza humana, mas há vacinas para os equívocos que se tem a respeito do que ela seja. Para que possamos nos dizer a "imagem e semelhança de D-us", seria necessário que O tenhamos visto. Nem a Moisés isto foi concedido, portanto de que Natureza se fala?
SN