segunda-feira, 25 de março de 2013

LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE



A racionalidade não anda em paralelo com a vida emocional. Há uma divisão dentro de cada um que o mobiliza a viver em torno de certas questões. Viver a própria vida não basta, é necessário que ela se torne um padrão para a vida de todos, assim, ninguém será atormentado por si mesmo. É preciso acreditar que todos andam na mesma direção. Os contornos de cada um, não são tão nítidos quanto se pensa, pois se fossem, seria possível viver a própria vida sem se incomodar com a vida alheia.

A vida em sociedade é afetada por padrões afetivos, a invenção das leis é exemplo disto. A lei não nasce da Natureza, mas dos medos que afetam a cada um e das ameaças que advém disto. Mentir, enganar, ludibriar e manipular, são antes de tudo modos de se relacionar consigo mesmo e com sua própria divisão.

O protesto, em Paris, que reuniu cerca de 300 mil pessoas contra o projeto lei que legaliza o casamento e adoção entre pessoas do mesmo sexo, com cartazes que diziam como deve ser as leis de filiação e parentesco, em muito se distanciam das palavras usadas pela Revolução Francesa. Este aparente paradoxo nos ajuda a pensar como se articula pensamento e afetividade, bem como a noção que cada um tem de si e o desconhecimento acerca do que se é. Na França a revolução aconteceu da porta de casa para fora. Possivelmente o que tenha levado Ariès a dizer que, naquele país, a vitória tenha sido da família e não do individualismo. Mas de que família? O protesto contras leis de igualdade, liberdade e fraternidade, para 330 mil franceses aconteceu da porta de casa para fora.

Antes de definir leis, seria preciso saber um pouco mais quem somos, para evitar que leis sejam criadas para nos definir. Buscar um reconhecimento perante a lei pode resolver, em parte, o problema vivido pelo filho bastardo, pois o tira da clandestinidade. Porém, é preciso saber que as lacunas afetivas que se instalaram durante anos na vida de cada um, a lei não cura nem resolve. O que adianta ser reconhecido pelo carrasco?

Não há cura para a natureza humana, mas há vacinas para os equívocos que se tem a respeito do que ela seja. Para que possamos nos dizer a "imagem e semelhança de D-us", seria necessário que O tenhamos visto. Nem a Moisés isto foi concedido, portanto de que Natureza se fala?

SN