sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

PAÍS 2013




Naquele país, os muros foram substituídos por arbustos. Cada um de seus habitantes não projetava sobre o outro o que lhe pertencia. Por esta razão, as conversas fluíam sem ataques ou dissimulações. Quanto mais firmes se tornavam os vínculos, mais floriam os jardins. Por alguma razão a natureza se sentia incluída neste tipo de cultura, e respondia a ela com florações. Não havia mágoas ou ressentimentos, porque eles sabiam que ninguém poderia salvar alguém de si mesmo. Entre eles, não haviam vítimas, pois todos assumiam suas vidas nas próprias mãos. O mesquinho não os suportava porque dependia da usura para se vincular, e lá , o afeto era farto. De algum modo, aquelas pessoas haviam conseguido viver dentro delas mesmas, sem transbordar  sobre os outros, interpretando-os ou julgando-os a favor de seus próprios pontos de vista.  Vida boa era aquela que passava sem medo, preconceitos e privilégios.

SN