quinta-feira, 17 de outubro de 2013

BLACK BLOCK (BB)



“Eles são um câncer”! Este foi o nome usado por David Graeber do Wall Street Journal, para nomear os Black Blocs. Aqui, a imprensa os chama de vândalos e anarquistas.  Em 1963, George Lapassade escreveu um texto que levou o nome “Rebeldes sem Causa”, que foi publicado em um trabalho denonimado “L' éntrée dans la vie: Essai sur l'inachèvement de l'homme” (A entrada na vida: um ensaio sobre a incompletude do homem).

A inadaptação de parte da juventude à vida coletiva e sua oposição ás condições de existência dita “adulta” manifestaram-se sobretudo nos países mais industrializados no mundo contemporâneo. Assim, Lapassade analisa de que maneira a INCOMPLETUDE marcou a vida destes jovens a ponto de faze-los deixar suas casas para irem protestar nas ruas.

Lidar com o impacto que a INCOMPLETUDE causa sobre o sujeito, deixou de ser um fator de preocupação do estado, que passou a tampona-la com o lucro e o consumo. Fato é que, a rapidez com que prenderam e ficharam os dittos BB, dão mostras de que o estado pode, quando lhe interessa, prender quem danifica seu modo de operar com o lucro e o poder. Mas por que os policiais que mataram Amarildo ainda estão soltos? Por quê os mensaleiros ainda não estão na cadeia? E os corruptos?

A lei de segurança nacional foi acionada, policiais cavaleiros vestidos de cinza saem pelas ruas defendendo a sociedade. O modo superficial e odioso usado, pela midia e pelo estado, para retratar o que está acontecendo, denuncia a estratégia perversa na qual culpabilizam os BB por danificarem o patrimônio que está sendo danificado e delapidado anos a fio pelos representantes do estado e da sociedade civil.

“Os revoltados sem causa não são revolucionários; não têm um programa visando explicitamente a mudar uma ordem social. Não são tão pouco delinquentes de tipo tradicional: não procuram essencialmente aproveitar-se desta sociedade, da qual eles destroem as’ riquezas’ e símbolos.” Deste modo, Lapassade sinaliza o que estaria acontecendo com estes jovens. O estado nunca foi um bom ouvinte, e por não sê-lo culpabiliza, acusa e criminaliza bodes expiatórios da prórpria depreciação que realizada com o respaldo da lei e da midia.