Obsessão é
uma palavra que se origina do vocábulo obsedere
que significa “sitiar um local”, “sentar-se” como um exército que senta à
frente de uma praça forte para tentar vencê-la. Por sua vez, a palavra obcecado
vem do latim obcaere: “tornar cego”.
Por terem origens distintas, uma se escreve com S e outra com C. Toda
obsessão é obcecada.

Obsessões
servem para criar sentido onde sentido não há. Por quê alguém quer dar sentido
ao que sentido não tem? Porque a
vida tornou-se um valor.
A Coreia do
Norte é um país oppressor; o Tibet, uma das culturas mais antigas, continua
sendo destruído pela China; a Somália vem deixando de ser um país; no Congo,
entre 1998 e 2003, morreram 5,5 milhões de pessoas; na Síria,150 mil foram
mortas nos últimos três anos; o Iraque continua mutilando mulheres; no México, desde 2006, 120 mil pessoas
morreram na guerra do tráfico; comunidades cristãs estão sendo mortas, como aconteceu
na Nigéria. Este cenário aponta contradições e falta de sentido presentes no mundo
de hoje. Contudo, se nada disto aparece com a mesma frequência que aparecem
materias sobre Israel, é porque se trata de uma obsessão.
A obsessão
por Israel vai de shows, flotilhas até pessoas “bem intencionadas” que querem
que Israel se responsabilize pelo que acontece com os palestinos. A obsessão
traz algum alento quando confere sentido ao que sentido não tem. Veja o que
aconteceu no Paquistão, criado na mesma época em que que Israel foi formado: milhares
de refugiados mulçumanos e indus. Alguma mobilização constante?
Por vinte
anos, Matti Friedman cobriu guerras no Oriente Médio pela Associated Press (AP).
Em seu ensaio, An Insider’s Guide to the
Most Important Story on Earth, ele diz que a cobertura feita pela mídia
sobre Israel e seus inimigos, segue um padrão obsessivo e hostil com os judeus.
Esta obsessão com Israel, diz Friedman, evidencia uma grave disfunção no
exercício da profissão jornalistica. Friedman vive em Israel desde 1995.
A obsessão
existe para manter uma ilusão sobre o mundo. Israel reabilita a representação
dada ao judeu quando o torna cidadão, isto é insuportável para alguns. A
espessura e a estranheza do mundo é o absurdo do qual todo obsessivo tenta
escapar. Contudo, no apego do homem à vida há alguma coisa mais forte do que
todas as misérias do mundo.
Os judeus
estão errados. Para estar certo, um judeu deve estar do lado de quem quer vê-lo
na fogueira. Por quê não abrem mão daquela terra? Por quê não cuidam dos
palestinos? Se assim fizessem, a falta de sentido que há no mundo desapareceria.