Quando o vi pela primeira vez, me pareceu
um sujeito seguro de si. Bonito, sedutor, inteligente e abastado. Onde quer que
estivesse, chamava atenção de qualquer mulher. Ele se aproximava de cada um
delas, sem medo de ser rejeitado. Fazia sexo muitas vezes por semana, com
varias parceiras e eventualmente, algum parceiro.
Para ele, o prazer sexual era o que mais
lhe gratificava. Nas ruas, na condução, se debruçava horas a fio para descobrir
a fantasia que mais prazer lhe traria. Alguns diriam, ele é um compulsivo
sexual. Mas, havia um pouco mais além disto.
Ele não tinha controle sobre sua busca de
prazer, mas sentia-se confortável com ela, pois assim também viviam seus
colegas. Ele queria gozar.
A maior parte do tempo criava as fantasias
sexuais para serem consumidas com suas parceiras, mas elas se desfaziam
imediatamente após o gozo. O que o levava a pedir para a parceira, ou o
parceiro, para ir embora.
SHAME foi o nome dado a história de vida
deste personagem.
Ele não conseguia se ligar afetivamente a
ninguém, como vários conhecidos seus. Solitário, andava pelas ruas da cidade
procurando encontrar alguém que poderia ter qualquer nome, mas não poderia ter
qualquer corpo, ou qualquer rosto. Deveriam ser belas ou belos. Mas por que?
A beleza é um eficiente anestésico usado contra
os efeitos causados pela passagem do tempo, bem como, pelo vazio que ele deixa
ao longo dos anos. Este homem, vagava de corpo em corpo, tentando aplacar com o
gozo, o vazio que havia se instalado em si mesmo. Quando não se sentia excitado,
o vazio tomava conta dele. Seduzir, desejar, ser desejado e gozar, o faziam a
um só tempo, se sentir um libertário e um prisioneiro de si mesmo. Com ele aprendi que a forma de liberdade mais difícil de ser conquistada, é aquela que se constitui quando digo não ao que em mim não admite um não.
SN
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