Eu queria ter uma identidade, qualquer uma. Vejo-os tão seguros de si, quando tomam o sexo como motivo de orgulho e definição para o que são. Ouço-os dizer: sou homem! sou mulher!
Se eu vivesse no mundo em que vivem, bastava me dizer homem ou mulher, para me desdizer no momento seguinte. Dentro de mim, nada é. Me distraio comigo mesmo, brincando com as possibilidades de ser quem sou, e desfazer tudo isto no instante seguinte.
O nome que me deram, satisfaz mais a eles do que a mim mesmo. Eles precisam acreditar que sabem quem sou. Quanto a mim, vivo procurando nomes, criando palavras e inventando mundos.
Eu queria ter uma identidade, para poder acreditar que o que ela me exige ter, é o que me reafirmará. Me sinto um ateu no mundo das identidades. Por não acreditar nas certezas que elas prometem dar, deixo-as pelo caminho como pele que se troca ao longo da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário